A captagon, popularmente conhecido como a "cocaína dos pobres" emergiu como a droga predileta entre jovens adultos no Médio Oriente e no Norte da África.
Esta droga sintética, originalmente fabricada na Alemanha para tratar distúrbios de déficit de atenção, tornou-se ilegal na maioria dos países em 1986 e foi retirada dos mercados médicos. No entanto, no início dos anos 2000 surgiu uma versão ilícita da captagon no Leste Europeu e no Oriente Médio.
É uma droga sintética que contém fenetilina, uma anfetamina sintética, cafeína e outros estimulantes. Há também relatos que apontam que alguns dos envolvidos no conflito sírio recorrem a esta droga para melhorar o desempenho em combate e reduzir a fadiga.
Embora possa induzir euforia, aumentar o estado de alerta e melhorar o desempenho físico e mental, o uso excessivo pode levar ao comprometimento das funções cognitivas, problemas cardiovasculares e dependência. Algumas pílulas fabricadas em laboratórios ilícitos contêm grandes quantidades de fenetilina, aumentando assim o risco de conter substâncias químicas tóxicas devido à variação na composição.
A Síria tornou-se o principal produtor e exportador na última década, ganhando a alcunha de "narcoestado do Médio Oriente". Estima-se que 80% da captagon mundial seja produzida precisamente neste país. O seu consumo aumentou exponencialmente após os protestos da Primavera Árabe, em 2011.
Embora o presidente sírio Bashar al-Assad negue qualquer envolvimento do governo neste lucrativo negócio, a verdade é que a captagon se tornou numa fonte crucial de receita para a Síria, que enfrenta duras sanções internacionais desde o início da guerra civil em 2011.
Em 2021, o comércio da droga na Síria atingiu um valor estimado de 5,35 mil milhões de euros, sendo predominantemente exportada para países do Golfo e os vizinhos Iraque e Jordânia, frequentemente oculta em produtos como grãos e frutas.
Embora não existam estatísticas credíveis sobre o seu uso, há cada vez mais preocupações de que a droga esteja também a chegar a vários países europeus.
Um relatório recente do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT) sugere que a União Europeia (UE) pode tornar-se uma área estratégica para o tráfico de captagon, com cerca de 127 milhões de comprimidos apreendidos pelos Estados-Membros da UE entre 2018 e 2023. A maior apreensão, de 84 milhões de comprimidos, ocorreu em Salerno, Itália, em 2020.
Além disso, a droga está a ser produzida na UE, principalmente em laboratórios ilegais nos Países Baixos, geralmente a partir de pó de anfetamina.
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